sexta-feira, 24 de setembro de 2010

- Espero.


De asas o meu céu não necessita.

 A luz passa pelo vão da porta
E ilumina o chão
Deito querendo receber a luz
Com uma certeza no coração
Um dia a morte vem e me leva
Ah! Eu a espero
Espero faz um bom tempo
E com os dias que passam eu até me distraio
Pinto, pulo e canto
Sorrio, me perco, me acho
Me esqueço até da morte de tanto que vivo
Esqueço que ela espreita
Entre os moveis e as luzes apagadas
Esperando a hora certa de me levar
Eu vou com ela, eu vou de mão dada
Quero ir andando com dignidade
Se não pode andar
Que ela me leve
Me leve flutuando
 Para eu poder me gabar
Que mesmo sem asas
Eu já aprendi a voar.
Ariane Castro

P.S: Não menos belo, não menos feliz, não menos meu, não menos seu, apenas algumas palavras que eu estou jogando aqui espero que se encontrem como sutilmente nelas eu me encontrei, confesso lembrei de A menina que roubava livros e acabei escrevendo isso e ainda postei um trecho aqui




domingo, 19 de setembro de 2010

- Vá agora

A  porta se abre e você sai!

"
Me adoça com ilusões
Alimenta os meus sonhos
Alimenta os desejos
Alimenta
Você me alimenta"

Passe pela porta
Leve as malas bem arrumadas
Arrume o seu cabelo
Leve o seu perfume
Não deixe nada no sofá 
Leve os meus livros
Porque toda palavra é tua
Leve os meus discos
Que todas as cançoes são suas

Esconde o teu amor
Que não te amo
Esconde o teu corpo
Que não te toco
Esconde a tua boca 
Que não te beijo

Agora vá, passe pela porta
Feche a janela 
Que a luz me incomada
Feche a janela
Não olhe para trás
Agora vá, apenas vá

Vá agora e não retorne
Vá agora que não te desejo
Vá agora que não te sinto
Vá agora que não me falta

Você é luxuria
E pecado aos meus olhos
Você é loucura
É um corpo do passado

Vá agora e jamais volte
Vá agora que eu fico
Vá meu amor
Vá para que meu amor não volte
Que a dor na nasça
 Apenas vá meu amor.

Ariane Castro
P.S: Se vá, mesmo que eu te ame =x

Hoje até o meu PS não é meu rs
Dedico para todas as garotas! 
Faz tempo que devo uma postagem assim.

sábado, 18 de setembro de 2010

- Ainda vivo


"
Só não vou dizer topázios, porque seria a mesma coisa que dizer Clarice"

Eu dormia todos os dias sentindo me vazia só que mesmo assim eu tinha uma felicidade e ela me mantinha, juro por Deus aquele que cuida destas estrelas, eu sabia de minha felicidade, ah como eu sabia, e a minha vida era de solidão e mesmo assim eu sentia a minha eterna e melhor companhia e eu estava feliz, era a minha felicidade, era o que eu chamava de felicidade.

Me enganava, porém era o meu ouro, mesmo que ouro de tolo, era minha a felicidade era minha só minha.

Entre os tragos do meu cigarro, recordo daquele tempo, onde meus pés tocavam o chão e eles estavam firmes, onde o por de sol era apenas um detalhe barato que eu não ousava olhar, onde você não existia e mesmo assim eu conseguia andar.

Agora acordo e a realidade me doi, e cada pedaço humano que eu posso ter, doi, como se fosse a dor de mil facadas, todas concentradas e atingindo o meu corpo, agora fragilizado por tantas investidas fálidas em ter o seu amor.

Eu vivo, 
eu ainda vivo, 
eu vivo esperando 
eu ainda vivo lutando
eu vivo ainda
Eu vivo

           Até a hora que tudo acabar. 

"Em algum lugar existe algo que eu não sei, hoje eu só sei de você.
Mesmo que você nunca saiba de mim."

Ariane Castro

P.S: Estou feliz mudei o template e agora o meu blog está mais lindo do que nunca, desculpem por não estar postando, estou com saudades de todos, só que o tempo é o que me complicada, tenho mil papeis de coisas que anotei para postar, postei este, não sei porque rs
Agradecimento especial para a dona do:
http://locadafaca.blogspot.com

Ela que colocou o maravilhoso template!

Mil Beijos

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

- Conto Para cima

  • É grande, só que vale a pena lê *-* conto que eu li na abertura da minha ultima aula de teatro!



Para cima
Vivemos correndo
Sem tempo para olhar para trás
E porque teríamos a necessidade de viver de passado
se temos todo um futuro

O dia era iluminado de luzes artificiais com pessoas andando de branco e preto, em um quarto pequeno sem janelas, só com uma porta pequena, cinzenta, quase sempre esquecida pelos moradores. Assim era a vida de Clarice, que vivia brincando com seu vestido preto com borboletas bordadas de branco com seus cabelos loiros, que a cor poderia ser definida como fosca e morta, seus olhos quase em um verde apagado em um corpo pequeno e frágil, na frente dos olhos uma venda estava fixada na frente, era uma venda fina que qualquer pessoa que pudesse olhar diretamente para menina poderia enxergar os olhos dela através do pedaço de pano.

Olhos fechados, sempre fechados, tanto que por vezes não faria diferencia estar acordada ou dormindo.

Vendada para o mundo ia Clarice e a sua família, que não admitiam viver na mesma escuridão da filha, só que estavam todos lá. Enquanto a menina ia, seus dias iam passando sempre iguais, balançando a cabeça quando requisitada respondendo sim ou não as perguntas tão marcadas com respostas sopradas ao pé do ouvido, escrito nas mãos, paredes e até no chão.

Clarice não cobiçava o sol, tão pouco a lua ou as estrelas, duvido até que ela as conhecia e se conhecia não prestava atenção, passando assim reta e absorvida pela a sua escuridão, de olhos fechados, em sua cega obediência de apenas ver o que os outros desejam.

Um dia andando em sua vida desprovida de cor, um chamado de uma voz que jamais ouvira chamou a sua atenção.

Malta estava andando, olhando o céu, a grama e as flores, quando viu uma menina andando, logo de cara percebeu algo diferente e o menino sorrindo já foi perguntar:

- O que pensa menina?

A voz que rompeu o silêncio e instigava uma resposta que não poderia ser feita pelo o sim ou não, fez gelar a pobre menina, o menino se aproximou ainda mais, andando de forma leve para a grama tão verde e tocou levemente a barriga dela, com um dos dedos.

- O que sente menina?

Silêncio.

Malta respirou fundo, não entendia porque ela não o respondia.
Olhou para o céu procurando inspiração.

- Diga-me o que sente, o que pensa, fale, por favor.

Clarice respondeu como quem não diz:

- Eu nada penso, nada sinto, pensam e sentem por mim, apenas isso.
Abriu um sorriso tolo e estranho, por tal revelação.

Malta não pode acreditar nas palavras, só olhava para a menina, não conseguia entender essa situação tão obscura daquela criança, com as duas mãos segurou o rosto da menina e retirou a venda dos olhos dela, mesmo assim ela os manteve cerrado.

- Olhe para mim, olhe... O rosto de Malta queimava queria ajudar a menina apenas não sabia como. – pense, pense, pense no sol, sinta o calor, pense na água, sinta a sede, pense nas pessoas, sinta o amor por elas, pense nas coisas boas da vida, e sinta toda a alegria que elas podem lhe trazer, pense, pense, sinta, sinta e pense, apenas!

Clarice sentiu um desconforto com tais palavras.
Nada queria admitir por não saber o que era realmente sentir por si só.

- Eu nada sinto, eu nada penso, não nasci para essas coisas.

Para o desespero de Malta, Clarice nada parecia ter escutado, o seu rosto queimava ainda mais, seu desespero aumentava e o seu peito começava a doer.

- Que bobeira menina, que bobeira a sua!

As palavras foram quase que sussurradas, com essa situação toda Malta sentia uma dor, por não pode ajudar e o todo esse sofrimento já não tinha tamanho, pareceria bobo, infantil, para algumas pessoas, para o menino não pode fazer outra coisa, se sentou no chão e se colocou a chorar,
Lágrimas rolaram e o choro estragou o sorriso do menino e o único som que restou foram as das lágrimas.

Para Clarice que se sentia confusa no meio de todas as palavras do menino, sofria internamente, o coração já esquecido queimava, respirou fundo duas vezes, em um misto de curiosidade e coragem começou a tomar conta dela, o que teria acontecido com o menino? Quem era esse menino?

- Ainda está ai menino?

A voz chorosa saiu entre pequenos soluços

- Sim, estou

Voltaram a ficar em silencio, algo que era tão novo em Clarice, a curiosidade dentro dela crescia, sua coragem ia lentamente aumentando, a fera presa dentro do peito dela gritava pronta para sair, então por um milagre os olhos  se abriram, mudaram de tonalidade, a luz era forte demais, pareciam queimar com um fogo invisível lutou contra a sensação e tentou encarar todas as cores que pareciam tão infinitas, parecia até mentira para ela, o mundo não poderia ser tão belo e tão dolorido, não poderia ser, não, não poderia, só que ele era e é.

Andou alguns passos perdidos, tortos entre suas sandálias de trançados, com seu vestido sendo tocado delicadamente pelo vento, procurava Malta. Olhou para o chão viu alguém sentado não hesitou e abraçou o garoto que chorava e levou tal susto que ele que não conseguia falar, a menina também começara a chorar.

- Eu sinto, eu penso.

Disse ela chorando como uma criança recém-nascida que vem para a sua nova vida, sentindo todas as dores que essa vida pode causar, com apenas uma certeza, a certeza que a vida é sempre muito mais do que imaginamos, apenas temos que aprender a olhar por todos os prismas existentes e nos conformarmos com o pouco.

 No mundo existem muitas Clarices e Maltas
Só não podemos esperar a vida inteira por um
Malta para nos fazer pensar, sentir, enfim existir
. 

Ariane Castro 



(Editado)