quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

- Felicidade ( Você sempre soube )



FELICIDADE 

Outro dia soube que a felicidade estava em algum lugar, então peguei as minhas malas, e não parei nem para pensar, aquela noticia queimava no meu peito, era uma sensação tão bonita que inflamava, apenas subia e não parecia querer descer, tinha uma ansiedade, uma mistura, um gosto de liberdade. Dentro de mim algo parecia que estava pronto para explodir, e eu sabia ela estava em algum lugar e alguém já tinha se encontrado com ela, calcei os meus sapatos, e o meu desejo pela felicidade fervia de dentro para fora, e eu apenas fui, deixei o vento bater sobre o meu corpo, deixei minha mente vazia, deixei tudo fluir, porque esse era o certo, eu sabia, e eu sei e sempre vou saber que essa decisão mudou tudo e então eu corri...

...corri entre os campos, entre as nuvens, sem olhar para trás, pulei entre as estrelas, passei por dias quentes, e outros tão frios, eu não podia voltar, eu não queria voltar, mesmo que por vezes eu sentisse dores que eu não sabia controlar era o mundo do lado de fora que tinha tantas coisas que não se pode controlar, e a dor do próximo era a minha dor, e as minhas lágrimas são lágrimas de um milhão, só que o meu sonho se chama felicidade e dele eu não posso esquecer, e mesmo quando me senti tão cansado e tão só, que só podia e tinha vontade de chorar e essa era a minha dor, só minha, e nesse momento eu me lembrava que a felicidade estava escondida em algum lugar e eu não iria desistir.

Ao sentar eu ouvia a melodia do mundo, ela me dizia coisas tão lindas, e as flores aos poucos me recitavam versos, então eu corri...

... corri entre os campos, entre as nuvens, falei com pessoas , brinquei com crianças, colhi flores, busquei água na fonte, falei com os animais, eu brinquei, eu pulei, eu gritei, eu senti sentimentos que não sabia que existiam, eu vivi dias loucos com pessoas e gostos variados, algumas vezes dancei com a lua, cantei com o sol, e contei historias para as estrelas, deitei na grama, vi o sol nascer, vi o sol parti, comi, reparti, disse bom dia aos estranhos, disse boa noite para amigos, eu dormi, e eu sonhei, e só quando sonhei descobri que não precisava correr para lugar algum, a felicidade está aqui, está lá, está em todo lugar, você só tem que saber aproveitar, e só assim eu soube..

Eu corri...
...corri deixando os meus medos para trás, deixei o que me vazia mal apenas no passado, corri até meus pés doerem, até o dia passar, corri até cansar entre os campos, entre as nuvens, eu cantei, eu vivi, e só então entendi o que era ser realmente feliz.

Eu sempre soube,  eu sempre saberei.

Ariane Castro


sábado, 11 de dezembro de 2010

Do real...

Ontem eu queria poder dizer bom dia!
...ao real! 

Luzes piscando em todos os lugares, eu não estou em foco, não faço parte dessa cena, não faço parte de um show bizarro de falsos sentimentos, todos dançam,  gritando suas mentiras, estão jogando o tempo todo, a luz é forte e a música pesada, ninguém se segura, são beijos, mãos, pés, ninguém sabe onde está o que, todos reparam uns nos outros julgando o que o outro faz, reparam tanto que esquecem que todos fazem igual.

Os dias são tão iguais entre bebidas, e focos de luz e o calor que não para, os pulos não param, são tantas coisas, e no ar sempre o sentimento de que algo está errado, dinheiro rasgado, queimado e lançado.

Vomito, olhos, pessoas, dor, felicidade, euforia, dor, felicidade, cansaço, euforia, dor, vomito, bebida, vodka, vomito, amigos, música, luz, beijos, felicidade, sexo,  dor, euforia, felicidade, cansaço, vomito, fim...? Que fim? Não há fim, estão todos em um ciclo medíocre, enquanto existir bebida, enquanto existir alguém para julgar, estão todos vivos.

Janela aberta e não venta, a cabeça roda sem sentindo, não sei para todos estão indo, deito e o chão parece grama, e todos estão rindo, rindo de suas próprias convicções.

Para onde vão todos? 
Acredito que nem eles saibam, estão seguindo o vazio que foi naquela direção e virou na esquina por ambição, e pretendem achar algo que não existe, apenas por saber que esse é o propósito de todos, todos aqueles que estão indo, indo para lá, estou imóvel, não quero andar para nenhum lugar, é tão difícil entender que não faço parte dessa dança macabra, estão todos indo, todos, todos mesmo, vão mesmo, eu prefiro a solidão, do que a falsa companhia.

Estou deitada ainda, todos já se forem, as luzes estão apagadas e o silêncio reina,  parece que não resta ninguém, estou sozinha, não sou como as flores, não sou como o vento, sou como sou apenas, sou alguém obstinada a solidão por não saber se encaixar nesse mundo de falsidade, mentiras e desilusões.

Ariane Castro